quarta-feira, 11 de julho de 2012


"...Não se pode reaver aquilo que morreu...
Tenta-se apenas substituir, porém, aquilo que se foi é insubstituivel, é único, é singular...
Nada torna àquilo que fora outrora!
Seja la o que for Morreu,Definhou,Evanesceu...
O Tempo, mestre de todas as coisas leva consigo, em seu "ser", tudo aquilo que a vida deixou de alimentar, Ideias,Memorias,Sentimentos,Existências...
Leva para Além, Além disto ou daquilo, Além desta flor sublime e fria, Leva , para o mundo do Não Ser, o mundo do Não Sei,
Não Sei,
Não Sei..."


C.M.E.L
11.07.2012

segunda-feira, 21 de novembro de 2011


Então o luar se fez rubro como sangue
O fio tênue da lua cadente
Se pôs, decerto, como de fato, destino
O passageiro percorre ainda sua sorte
Mesmo consciente
De que seu destino é a morte
Seu propósito é a passagem
Sua caminhada é apenas o meio,
O espaço percorrido,
Domando o estar
Os onde-quandos
Que sempre precedem os instantes
Não é preciso mais que a voz
Ou a vontade
Pois, o devaneio é pensar
Por quê somos.




Caio Lopes
28.10.2011

quarta-feira, 16 de novembro de 2011


É madrugada agora,
E escrever é a unica libertação de carmas
Que eu conheço e que comigo funciona.
Ja notei que são definitivamente confusos
Os meus "eus" passados,
E que eles se regozijam,
Como quem perde o ar lentamente.
É pois, por isso, que re-ver
É ter comigo um denovo instante cosmológico
Uma fagulha que se propõe a sacudir o universo.
Há em meus poemas algo que eu sou
E isso se escondeu de mim.
Eu sei,
Eu sei.



Caio Lopes
Alguma madrugada

Um sol a nascer,
Nuvens se dispersam...
A lua oculta seu esplendor,
Ignorando a existÊncia
Que a observa aquiescentemente
Por toda a noite que já se foi...
Do som, angra chora as estrelas...
As vozes dos pássaros
Ecoam em meio a abruptação
E a rigidez da alienação do mundo,
Que já há muito nada vê...
Sei que mais um dia amanhece,
E por final, sei que escrevo
À direção que palpita
Minhas espásmicas emoções...
Pelo que vejo, amanheço,
E cá estou para te dizer:
Vejo-te...
Para dizer:
Amo-te...
Misterioso...
Amar.


Caio Lopes
13.11.2011 às 05:48

domingo, 17 de julho de 2011


Todo um pouco que com amor é dado, é muito.
Todo sorriso, sincero, de algum modo é um afago;
Todo amor, mesmo diverso ao comum ou incorreto;
É uma abstração sentimental,
Uma singular ocasião:
Em que somos tenazmente golpeados pelos sentidos,
Como se a vida ocupasse cada espacinho em nosso íntimo,
Deuses-mortais... Transmutamo-nos.
Constantemente impróprio e inoportuno,
e já a priori roga a renúncia,
Não pede e adentra, bate a porta seguidamente...
Lança-se subitamente na profundidade do anseio,
Materializa-se na intrépida carne em que cultiva o desejo,
Manifesta-se, insubmisso, corpóreo ou mentalmente;
Inconcluso, procura sua metade,
Personifica-se;
Doa ao hospedeiro sua identidade,
Emana os ecos da sua procura...
E quando encontra se coaduna.
Então jaz,
Em quem ama, em quem é amado.
Oh Amor!
Qu’és tão nobre,
Aperfeiçoais o homem,
Sejas dele carrasco,
Façais o homem, humano,
Oh Amor!
Qu’és tão nobre,
Façais o homem, humano!
Façais O homem.



Caio Lopes

sábado, 25 de junho de 2011

O arrebol no céu
De fim de tarde
O vento na face
E os cabelos teus
Em suave flutuar

Passarinhos em remanso
Dizem uns aos outros,
Num comunicar coletivo,
Comemoram a finitude cíclica
Do belo.

Observiente do instante
Sou contigo o próprio
Átimo encantador
A história real
Sentida e vivida, sem igual.

É almal, uma percepção aquém
Dos sentidos corporais
É o belo ou a beleza do ver-sentir
É almal.

Pois minh'alma
Não cansa
De reter o que é você
Em mim.
É pois, o ver-sentir.

É o verso, a oração,
É o pôr-do-sol, as cadeiras, o teu colo
É o coração
É coração.

É o ser contigo
Percebe-se compreendido
É ser contigo elevação
É amar
É o ser e estar

A história contada e vivida...
Que se renova, que como a lua
Se soergue indefinidamente
São seres complementares
Somos seres complementares

Almas em ver-sentir
Indefinidamente...
Pôr-do-sol.



Cáio Lopes
23.06.2011
às 18h00min

domingo, 19 de junho de 2011




Uma taça de cristal
Rumo ao chão, fez-se em cacos.
Na porta alguém bate suave,
Dois toques...
Quem és?
- Não sou
Vim apenas vigiar teus passos
E o respirar da tua alma,
Vim para te ouvir no silêncio,
E em cada olhar insofismável,
Vim te guiar,
Abras, sou tua barca...
Sou teu Caronte,
Peço-te: fechais teus olhos,
Pois minha face é horrenda,
Privo-te, de vislumbrar um monstro.
Mas, dei-me a mão,
Esta é suave como o veludo.
E as mãos se deram,
E uma promessa pelo Estige fizeram,
Renasça,
E os tambores rufaram,
Réquiem...
E com o cristal verteu-se
A si mesmo, à altura do pomo.
E o sangue jorrou como a areia ao vento,
Pois assim o era, poeira.
E o Estige o assimilou
E lhe regurgitou em seguida,
Ao longe ele caiu...
Ao lado do cristal em cacos,
Então, sublevou-se,
Percebeu-se...
Ateou-se em asas,
E se obliterou.


Caio Lopes
19.06.2011
04h31min