O tempo se esvai descontínuo, vagaroso
Pequenas guinadas instantâneas e momentâneas
Nos roubam as horas, as manhãs, os dias e noites.
A vida se esvai em passadas lentas, em mudanças cíclicas,
Em instantes únicos, repetidamente vividos.
É o corpo que se molda....
A face que se enrijece,
As lembranças que se amontoam,
As escolhas que se rarefazem,
A alma já não se atormenta.
O belo que passa despercebido,
A música que já não tem mais sentido.
A voz do amor do passado
Que está agora casado
É apenas memória
O fim de tarde sublime de outrora,
É fumaça turva agora;
A solidão ocupa o peito,
A existência cintila parvamente,
O sol se põe novamente.
Doravante renasce, vigoroso,
Porém mais uma vela sua se apaga.
A praia estésica é apenas imagem impressa,
No porta-retratos na estante.
A aurora é miragem
O crepúsculo nada além de paisagem
Os segundos se esvaem,
Os dias se esvaem
A vida se esvai
É o tempo...
Descontínuo,
"Pois o tempo é tudo o que somos"
Caio Lopes
28.04.2011
00:07 hs