domingo, 17 de abril de 2011



Lá adiante, após a janela e as paredes, amanhece...
É um simplório amanhecer que consterna sua identidade,
É um amanhecer condescendente
Como se rebuscasse sua periódica amanhescência.

Como se impreterivelmente tivesse que se fazer existir.
Lá fora, as sombras amareladas se dissipam,
A aurora se anuncia,
O horizonte doa-se ainda errante,

Como o amor outrora tão distante
E agora tão presente.
O fluxo equivocado dos cantos dos beija-flores,
Sentencia-me a permanecer,

Enquanto alvorece,
Me disperso na lide daquele dia,
Ainda não sei, nem faço questão de saber
O que me aguarda o porvir.

Não é o sol em sua fineza,
Que está a me subverter,
Sei, porém, que há de vir forte e resiliente.
O horizonte, já se amarela.

Talvez dizendo-nos bom dia.
Seja onde estiver, ligados de algum modo não explicável.
Ouçamos um ao outro.
Ouçamos os sons,

As últimas gotas do absinto,
As últimas gotas,
A imersão das partículas de orvalho,
Num substrato um tanto maior.

Um subproduto da existência deleitante humana.
Agora o sol consagra-se em sua face...
Deletério, deleitável, deleitoso, delirante...




Caio Lopes
17.04.2011
06:54 am

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