terça-feira, 24 de maio de 2011


Chega de gritos e tapas
E de palavras ásperas
Chega de olhos vermelhos
De raiva e de calmantes
Tudo agora é abstrato e discrepante
Não tem sentido
Chega...
Não quero mais esse cinismo
Essa falácia
Não é esse o meu nome
Chega de coleiras e correntes
Chega de lágrimas
Não é essa a minha chaga
Chega de olhar pr’o teto
Ou para a parede em branco.
Chega de descontínuo
De cobranças infundadas
Chega de ilhas
De egos
Chega de quereres vaidosos
Chega de palavras vazias
E de vasos quebrados
Chega de falar o santo nome em vão
Chega de concessões, de cópias
De abortos de vontades
Já são tantas as crianças mortas
Não pinte as paredes do meu quarto
Com essa tinta fraca e com teus atos
Chega de repudia ao desconhecido
Chega de acusações
Chega de moedas falsas
Chega de decidir o futuro
Chega de duplicar-se
Em outras faces
Chega de solidez
Chega de outras casas
E de ciclo de vespas e farpas
Chega de ser pontiaguda
Chega de cortes expostos
Chega de matizes
Chega de pré-concepções
Chega de monólogos e encenações
Chega de interpretações unilaterais
Não quero ser extensão
De seus fracassos e glórias
Chega de fingir que está tudo bem
Chega de querer ser a Vox dei
Pare de escolher a imagem
Do meu espelho
Chega...
Chega senhora!
E se aconchega.
“porque meu jugo é suave
E meu fardo é leve”


Caio Lopes
24.05.2011
21hs24min

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