sábado, 25 de junho de 2011

O arrebol no céu
De fim de tarde
O vento na face
E os cabelos teus
Em suave flutuar

Passarinhos em remanso
Dizem uns aos outros,
Num comunicar coletivo,
Comemoram a finitude cíclica
Do belo.

Observiente do instante
Sou contigo o próprio
Átimo encantador
A história real
Sentida e vivida, sem igual.

É almal, uma percepção aquém
Dos sentidos corporais
É o belo ou a beleza do ver-sentir
É almal.

Pois minh'alma
Não cansa
De reter o que é você
Em mim.
É pois, o ver-sentir.

É o verso, a oração,
É o pôr-do-sol, as cadeiras, o teu colo
É o coração
É coração.

É o ser contigo
Percebe-se compreendido
É ser contigo elevação
É amar
É o ser e estar

A história contada e vivida...
Que se renova, que como a lua
Se soergue indefinidamente
São seres complementares
Somos seres complementares

Almas em ver-sentir
Indefinidamente...
Pôr-do-sol.



Cáio Lopes
23.06.2011
às 18h00min

domingo, 19 de junho de 2011




Uma taça de cristal
Rumo ao chão, fez-se em cacos.
Na porta alguém bate suave,
Dois toques...
Quem és?
- Não sou
Vim apenas vigiar teus passos
E o respirar da tua alma,
Vim para te ouvir no silêncio,
E em cada olhar insofismável,
Vim te guiar,
Abras, sou tua barca...
Sou teu Caronte,
Peço-te: fechais teus olhos,
Pois minha face é horrenda,
Privo-te, de vislumbrar um monstro.
Mas, dei-me a mão,
Esta é suave como o veludo.
E as mãos se deram,
E uma promessa pelo Estige fizeram,
Renasça,
E os tambores rufaram,
Réquiem...
E com o cristal verteu-se
A si mesmo, à altura do pomo.
E o sangue jorrou como a areia ao vento,
Pois assim o era, poeira.
E o Estige o assimilou
E lhe regurgitou em seguida,
Ao longe ele caiu...
Ao lado do cristal em cacos,
Então, sublevou-se,
Percebeu-se...
Ateou-se em asas,
E se obliterou.


Caio Lopes
19.06.2011
04h31min

sábado, 18 de junho de 2011




E as escolhas o que são,
Senão, somente garotas
À noite, suplicando por uma história nova?
Uma nova lágrima
Para lhe correr a face
E sem nada a dizer
Expressar tão somente
Que é novo o som que sairá
As notas que flutuarão
As páginas que se macularão
E eu confortavelmente entorpecido
Sem nada poder dizer
Olharei...
É uma nova lágrima
Que me correrá a face
É o instante
O detalhe
É o som.
Que lhe romperá a face.


Caio Lopes
13.06.2011

quinta-feira, 16 de junho de 2011



Do semblante perverso
Do monstro putrefado
Caem vociferando-se, lágrimas
Que saem em doloroso silêncio

São as estigmatas que lhe romperam
O cerne nojento e se alojaram
Na mais profunda fagulha
Daquele corpo vil e asqueroso

Açoitando-lhe e pondo-o a gemer
Já não lhe bastasse as coleiras
As correntes, as chicotadas
Com calcário cicatrizadas

Já não lhe bastasse
A consciência própria
Imolando a sorte
Desejar a própria morte;

- Contenham o mostro
É para lhe salvar de todo mal
De todo o mal...

E o monstro em seu imo
Põe-se em chamas
E regozija-se em autocriações

Ainda é alma
O que retorna a fonte...
Ainda é homem o monstro...
Ainda é sofrimento.


15.06.2011
Caio Lopes

terça-feira, 14 de junho de 2011

Veja você
O sol a se pôr
E iluminar a rua ladrilhada
Tão casta

Veja você
A sombra dos passos
Dos transeuntes
A caminhar contra o sol

Inconscientes do poente,
Veja sou eu
Aqui na sombra
A te olhar tão calma

Tão dócil e calada
Vejas...
Sou eu em você.
Sou eu!



Caio Lopes
13.06.2011

quinta-feira, 9 de junho de 2011


A noite arrasta-se obtusa
E me absorve
Pelo vidro
Vejo o horizonte se aclarando,
São os trovões, os relâmpagos
Ouço-os...
É a chuva se anunciando
Calma e vagarosa
Vem me compor
Ocultar minhas vibrações...
Entrego-me
Componho-a...
-Deus está na chuva.


Caio Lopes
22.04.2011
02h:45min