domingo, 19 de junho de 2011




Uma taça de cristal
Rumo ao chão, fez-se em cacos.
Na porta alguém bate suave,
Dois toques...
Quem és?
- Não sou
Vim apenas vigiar teus passos
E o respirar da tua alma,
Vim para te ouvir no silêncio,
E em cada olhar insofismável,
Vim te guiar,
Abras, sou tua barca...
Sou teu Caronte,
Peço-te: fechais teus olhos,
Pois minha face é horrenda,
Privo-te, de vislumbrar um monstro.
Mas, dei-me a mão,
Esta é suave como o veludo.
E as mãos se deram,
E uma promessa pelo Estige fizeram,
Renasça,
E os tambores rufaram,
Réquiem...
E com o cristal verteu-se
A si mesmo, à altura do pomo.
E o sangue jorrou como a areia ao vento,
Pois assim o era, poeira.
E o Estige o assimilou
E lhe regurgitou em seguida,
Ao longe ele caiu...
Ao lado do cristal em cacos,
Então, sublevou-se,
Percebeu-se...
Ateou-se em asas,
E se obliterou.


Caio Lopes
19.06.2011
04h31min

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